Testar os Limites
O desafio de atravessar a Estrada Nacional 2, estava longe de ser algo a terminar. Foi incentivado pela leitura de alguns testemunhos de quem já o tinha feito, especialmente os da Diana e Alexandra que corajosamente terminaram este grande percurso no ano de 2019.
Numa pequena conversa com o Bruno Anselmo, em que demonstrei esta vontade de percorrer os 738 kms da EN2 em bicicleta, chegámos a um consenso rápido: tirar 5 dias do ano para a fazer. Estava desta forma descansado porque iria estar bem acompanhado com o actual Campeão Nacional de XCM Masters 30.
Para me preparar, e após a recuperação de uma lesão, contava com cerca de 6 meses de treino na bicicleta (entre rolo e estrada), experiência em desafios longos e provas de competição de múltiplas dificuldades, muita resiliência e determinação, mas acima de tudo a companhia de alguém com muita experiência,
Logística
A responsabilidade da logística mais importante passou para uma transportadora, que levaria um saco com os bens e um outro levaríamos para a primeira etapa, que passaria para a terceira e assim sucessivamente. Assim garantimos que tínhamos roupa seca onde pernoitávamos e estávamos “mais leves” para a viagem.
Todos os dias era colocado no GPS o track criado no Strava Premium, e ficou combinado comermos a primeira refeição de cada dia sentados e só voltar a fazê-lo ao jantar. Ficámos alojados em lugares relativamente baratos, onde se assegurava a segurança das bicicletas.
Com a bicicleta bem acondicionada na bagageira do autocarro, lá fomos em direcção a Chaves. Eu parti de Lisboa e o Bruno de Castelo Branco, para dar início a esta aventura.
Chaves – Viseu
Ficámos muito bem alojados em Chaves, na Residência Bem-Estar, onde tomámos um verdadeiro “pequeno-almoço dos campeões”. Lá fora, contudo, chovia e estava frio.
O início foi a medo, com a estrada molhada e o vento a soprar forte. Sabíamos que as duas primeiras etapas eram carregadas de desnível positivo, incluíndo a tão conhecida subida a Bigorne. No entanto terminámos a etapa na Pousada de Juventude de Viseu dentro do tempo estipulado: sensivelmente 7 horas de caminho.
Viseu – Abrantes
Arrancámos da Pousada da Juventude, para na minha opinião a etapa mais complicada, especialmente pelo relevo acidentado.
A chuva intensificou-se durante grande parte do percurso, a distância era muita e as subidas gigantes. Chegámos à pousada da juventude de Abrantes, após cerca de 9 horas de viagem. Jantámos e o corpo ressentiu-se da viagem.
Abrantes – Montemor-o-Novo
Após ter passado uma noite menos agradável, porque o corpo estar a revelar fadiga, e as descidas dos dias anteriores terem terminado com um problema que se tinha iniciado: o travão da frente deixou de funcionar. Mesmo assim demos continuidade à viagem, com a certeza que “pior não poderia ficar”.
Com uma altimetria de 1.000m de acumulado terminámos no Burriscas Campismo Rural, onde pernoitámos ao fim de 4h30.
Montemor-o-Novo – Almodôvar
As duas últimas etapas estavam aí e ainda não tinha existido tempo para o corpo recuperar. Este era um cenário que tinha antecipado, mas que se consegue superar com muita força de vontade. Terminámos a Etapa na Hospedaria Casa da Vila, numa viagem de cerca de 5h30.
Almodôvar – Faro
Etapa final, iniciada como todas as outras: com um bom pequeno-almoço, e com a certeza que seria mais fácil que qualquer outra. No entanto a Serra do Caldeirão ainda fez mossa, depois de tantos quilómetros nas pernas.
Sendo esta a mais rápida, cerca de 3 horas foi o necessário para a percorrer e terminar na Residêncial York, onde voltámos a empacotar as bicicletas e todos os bens para a viagem de regresso.
Desafio Concluído
Terminámos a viagem a confraternizar e comemorando com um bom almoço no centro de Faro. É uma viagem acessível a todos, mas com alguma necessidade de treino. Para se apreciar a paisagem, recomendo mais dias.
Boas Pedaladas!