Como Navegar com Roadbook

Roadbook

Estrutura do Roadbook

Se já não tens dúvidas sobre o que é um Roadbook, continua a ler para aprenderes os básicos de como navegar com um.

Já sabes que o Roadbook é composto por Notas. Cada Nota tem três caixas, ou secções:

Rally eXtremadura

Como regra geral, as notas são para ler da esquerda para a direita. E cada secção tem um propósito diferente.

Distância

Olhando para este exemplo, o que salta à vista nesta secção é o “34,43”. Significa que quando chegares ao quilómetro 34,43 esta nota diz-te o que deves fazer.

Consegues também ler nesta secção o valor 0,36 – é a distância entre a nota anterior e esta nota.

No canto inferior direito tens o número desta nota. No exemplo acima é 62.

Cores Diferentes

Esta secção pode ter diferentes cores de fundo (o normal é não ter nenhuma cor). As principais são duas:

  • Verde: significa que esta nota estava a menos de 400m da nota anterior
  • Vermelho: esta nota tem um perigo nível 3 assinalado

E se a nota tiver um perigo nível 3 e estiver a menos de 400m da nota anterior? Neste caso, fica vermelho. O perigo tem precedência sobre a proximidade.

Entre a distância da anterior e o número da nota estão os ícones de waypoint. Sempre que eles aparecem, é nesta posição. De acordo com o tipo de Waypoint, a cor de fundo também se altera, e por vezes a moldura da nota inteira.

Areias da Nazaré

Notas Próximas

Por vezes as notas estão perto umas das outras, e o piloto deve tomar especial atenção nestes casos. O Roadbook tem indicações especiais para estes casos.

Rally eXtremadura

Na nota 15 podemos ver uma seta ao lado da distância da nota anterior.

Isto significa que a próxima Nota está a menos de 400m (em Portugal usamos 200m). Se a seta estiver vermelha, então além de estar a menos de 400m, na próxima nota há um perigo nível 3 assinalado.

A nota seguinte, que está perto da anterior, aparece pintada com o fundo a verde. No exemplo acima estas notas estão separadas por apenas 0,38 km (380 metros).

Tulipa

A tulipa é a secção do meio, onde o piloto tem um croqui sobre o caminho a tomar nesta posição.

Na imagem abaixo pode-se ver que o piloto vai seguir mais ao menos em frente, ignorando as intersecções à direita e depois à esquerda.

Baja TP 300

Na tulipa a posição do piloto é representada por um pequeno risco, Nesta imagem pode-se ver esta marca junto da primeira intersecção, à direita.

As tulipas estão sempre desenhadas tendo em conta a direcção na que o piloto está a navegar. Ou seja, o piloto entra sempre por baixo na tulipa, que está sempre alinhada com o seu campo de visão.

Na tulipa também pode estar símbolos, que adicionam informações sobre o terreno na posição marcada. Neste caso, vemos o símbolo SA, que alerta o piloto para a presença de areia nesta posição.

Comentários

Esta secção, a terceira e última, contém informações sobre o terreno após a distância marcada. Por outras palavras, depois de passar pela zona da tulipa o piloto deve seguir estas informações.

Rally eXtremadura

Nesta nota o piloto sabe que depois de passar pela zona da tulipa, deverá seguir a linha do comboio. Isto porque na secção dos comentários ele lê o símbolo FA (Follow Along / Seguir) e o símbolo que representa uma linha de comboio.

O piloto sabe ainda que deverá seguir pelo rumo 59º (ao rumo chama-se simplesmente CAP). O CAP está sempre nesta posição, e com o fundo a amarelo. Nem todas as notas têm a indicação do CAP.

Esta secção também é utilizada, às vezes, para ajudar a descrever uma tulipa mais complexa. Outras vezes adiciona informação complementar ao evento (local para almoço, desvios, etc).

Navegar com Roadbook

Agora que já sabes para que serve cada secção, vamos interpretar uma Nota inteira. O piloto analisa sempre da esquerda para a direita. Começa na distância, e acaba nos comentários.

A coisa mais importante a saber é que cada piloto tem a sua técnica. E pode ser diferente consoante o tipo de terreno (serra, deserto, etc).

Mas todas as técnicas têm uma base comum. Vamos dividir a navegação em passos simples. Vejamos este exemplo:

Baja TP 300

Este é um exemplo de um Roadbook com uma navegação simples. Vamos olhar para a nota 18.

Imaginemos que o piloto está prestes a chegar ao quilómetro 10,59. Como a distância está sublinhada a vermelho, ele já sabe que vai encontrar um perigo de nível 2. Vê também que a próxima nota está perto (pela seta que aponta para baixo).

Com estas informações o piloto já sabe que vai ter de abrandar, e pode começar a moderar a sua velocidade.

À medida que se aproxima da distância, ele analisa a Tulipa, e vai perceber que o caminho que agora percorre vai terminar numa intersecção com uma estrada. Ele terá de parar completamente nesta posição.

Continuando a ler a Tulipa, verá que após parar a marcha, irá seguir a estrada pela direita, por uma ponte que atravessa uma linha ferroviária. Depois vai ler a secção Comentários e perceber que agora deverá seguir pelo rumo 171º.

Ajustar o Odómetro

Nem todas as distâncias no Roadbook sao corretas. Se o trilho for muito enrolado, a trajetória do piloto pode nao corresponder à trajetória do autor do Roadbook. Por exemplo, o piloto faz as curvas sempre por fora, e o autor utilizou uma trajetória neutra. É normal entao que o piloto veja uma maior distância no seu odómetro, pois ele está a percorrer mais alguns metros entre notas.

Por vezes está nublado, e o sensor de GPS nao consegue ter uma boa precisao a contar a distância. No caso de sensores de distância na roda, se o piso for de areia as rodas patinam e o sensor conta mais. Se o piloto for de roda no ar, ou o trilho tiver saltos, vai contar menos.

Existem vários motivos para a distância nao bater certo. E isto é expectável. Acontece sempre. Entao o que é que o piloto faz?

Em cada nota, sempre que o piloto tenha um bom grau de certeza de estar no local exato onde está a marca de distância, ele ajusta a distância do odómetro.

Exemplo

Na nota 20 do exemplo acima, podemos ver claramente a marca de distância na entrada de um ribeiro, ou curso de água. Neste momento o piloto olha para o odómetro e compara a distância que ele mostra com aquela que está no Roadbook. Digamos que o odómetro mostra 11,18 o que representa menos 20 metros que a distância na marca.

O piloto então sabe que deve aumentar a distância do odómetro em 20 metros – são dois cliques no botão de “+” (cada clique aumenta, ou diminui, 10 metros).

Mas o piloto tem tempo. Não precisa de fazer imediatamente. Assim que tiver oportunidade, ajusta o odómetro, em andamento. E pode ir a qualquer velocidade, que é igual.

Enquanto o piloto estiver a ajustar em andamento, a distância medida pelo odómetro não vai ser refletida no valor do odómetro. Isto ajuda o piloto a não ter de fazer contas, porque pode simplesmente ir clicando até chegar ao valor que ele quer ver.

Quando o piloto acabar de ajustar a distância, o odómetro vai atualizar o valor mostrado para o correto. Ou seja, o odómetro continuou a medir a distância, embora no ecrã estivesse a mostrar os valores de ajuste.

Parece complicado?

Na prática é tão simples como clicar as vezes necessárias, que o odómetro trata do resto.

Sem Caminho Visível

Mas nem sempre existe um caminho visível, pelo que o piloto pode utilizar referências visuais e o CAP. Especialmente no deserto. Eis um exemplo:

Areias da Nazaré

A linha tracejada indica isso mesmo: fora de pista, onde não existe uma pista ou caminho visível. Neste exemplo o piloto chega ao quilómetro 140,98 e deve virar para o CAP 129º, entrando numa zona de areia. Em seguida, olhando para a secção Comentários o piloto lê o símbolo KPS (Keep Straight) que lhe diz para seguir em frente.

O piloto percebe que ao quilómetro 140,98 toma o rumo 129, entrando na areia, e depois segue em frente.

Ao quilómetro 142,73 o piloto tem uma nota que lhe diz para continuar em frente, e deverá conseguir avistar uma ruína. Na secção Comentários ele vê qual o CAP a tomar e também que o espera uma subida de areia.